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sábado, 1 de março de 2008

O Cruzeiro gostou da experiência com técnicos sem “experiência”

Parte I

Dorival Junior

No ano passado a contratação do pouco experiente técnico, Dorival Junior, foi bem mais aceita pela torcida do que a contratação do também, com pouca experiência, Adilson Batista em 2008.

O Dorival vinha de um bom desempenho no concorrido campeonato paulista, e o Adilson, com desempenho desconhecido pela torcida, no Japão.

O Dorival começou um bom trabalho. Chegou, conheceu o elenco, selecionou os jogadores que realmente estavam com disposição para jogar e dispensou aqueles que estavam a passeio, que faziam intrigas, que não se adaptaram e que já estavam com pouca inspiração (Gabriel, Leandro, Martinez, Rômulo, Ricardinho e outros). Com dois jogadores, entre médios (muitos) e bons (poucos), em cada posição e em algumas posições (até três), armou bem o time com características ofensivas, treinou o conjunto, firmou um pacto de compromissos com os jogadores e começou a obter bons resultados com o time, fazendo mais gols do que tomando, até o recesso dos jogos do Brasil na metade do ano. Como todo clube, seus jogadores também foram vítimas de várias contusões, transferências, etc (Léo Silva, Sandro, Kerlon, Wagner, Jonathan e outros).

A inexperiência

O time continuava fazendo e tomando muitos gols, mas o técnico ainda não conseguia perceber a deficiência defensiva. Era um erro que deveria ter sido reparado, e que, o conceito de tomar muitos e fazer mais ainda, é kamikaze. Bastava ver o posicionamento e armação dos principais concorrentes ao título.

O São Paulo, por exemplo, jogava com uma linha de três zagueiros (Alex Silva, Breno e Miranda), outra linha de quatro defensores com boas habilidades defensivas e uma segunda habilidade, a de apoio e chegada com qualidade ao ataque (Souza pela direita, Hernandes pela meia direita, Richarlyson pela meia esquerda e Jorge Wagner pela esquerda), isso tudo antes do meio campo, claro. Um meia de ligação com boas características de marcação (Leandro). A recomposição do São Paulo era de nove jogadores antes do meio campo. No ataque o centroavante (Aloísio ou o Borges), e um velocista (Dagoberto) pelas pontas ou pelo meio também. Quando o São Paulo era atacado pela esquerda, lá estavam dois laterais e um zagueiro (Jorge Wagner, Richarlyson e Miranda), quando atacado pela direita, mais dois laterais e outro zagueiro (Hernandes, Souza e Alex Silva) e pelo meio, Breno, Miranda e Hernandes fechando a entrada da área. O São Paulo também atuava muito com duas linhas de quatro marcadores deslocando o Breno para lateral direita e colocando outro zagueiro. Outros clubes, com elenco de poucas qualidades também jogavam com até dez jogadores na defesa para posteriormente atacar.

O Dorival adotou o esquema com quatro zagueiros (Jonathan, Léo Fortunato, Thiago Heleno e Fernandinho), dois meias com características ofensivas (Charles e Ramires), dois meias ofensivos (Wagner e Leandro Domingues) e dois atacantes (Guilherme e Roni). Quando atacado, a recomposição do Cruzeiro era com sete jogadores e em alguns casos, quando o Ramires e o Charles se mandavam ou o Jonathan, e ou, o Fernandinho, com cinco marcadores.A propósito, na realidade funcionava com dois zagueiros e dois alas.

Quando menciono atacado, significa que o time perdeu a posse de bola no ataque e se recompôs rápido para receber o contra ataque. No futebol, com a bola rolando as formações são alteradas a todo o momento pela dinâmica, então, temos sempre que vizualisar a composição da equipe em um momento “zero”, ou seja, no início de um ataque ou de um contra-ataque, saindo para o jogo ou iniciando uma recomposição para receber um ataque do time adversário.

Voltando ao assunto, onde estava o erro do Cruzeiro? Jogar com todos os meias ofensivos e alas. O time deve ter um equilíbrio.Todo jogador tem duas características básicas, a ofensiva e a defensiva, invariavelmente uma delas sempre se destaca, tornando o jogador mais apoiador do que marcador e vice e versa. Nada mais é do que a aptidão maior para uma determinada função, o que não significa que também não saiba fazer a outra. O importante para um técnico é ter esta consciência na armação do time mantendo o equilíbrio entre ataque e defesa e diciplinando as subidas dos meias e alas ou laterais. O técnico Dorival errou em escalar tantos meias com habilidades ofensivas superior às habilidades defensivas e sem uma plano tático de coberturas e recomposições eficiente.

Com o elenco de 2007, acho que não seria mesmo campeão, mas se não cometesse os erros, poderia estar entre os três primeiros com muita tranqüilidade, no entanto, não podemos retirar-lhe o mérito de ter melhorado o time herdado do Paulo Autuori.

Com o problema entre Guilherme e Roni, o ataque começou a fazer menos gols e a defesa continuou tomando muitos. O São Paulo venceu muitos jogos pelo placar mínimo. No time azul,como dois atacantes que jogam juntos vão fazer a diferença, se estão fazendo críticas pessoais entre si? O técnico voltou a errar por não corrigir o desentendimento e a displicência do Guilherme em campo. Observei vários jogos em que o atacante não corria em bolas próximas de si. A atitude do Roni não foi correta ao divulgar pela imprensa a sua opinião, poderia ter dito ao técnico ou será que já havia dito e nenhuma providência fora tomada? Não sabemos, mas todos tinham conhecimento, o técnico não tomou providências e a diretoria não interferiu. Faltou experiência no Dorival. Ele também errou muito em substituições na segunda medade do campeonato.


O conjunto de erros acima foi fundamental no desempenho final do Cruzeiro e explica a sua queda de produtividade. Nas equipes menores, de onde veio o treinador, os jogadores precisam mais de reconhecimento, salários, não são estrelas, e o clima fica mais ameno e fácil para conduzir.

Nos próximos comentários vou abordar a troca dos técnicos. Muitos analistas e comentaristas são contrários em substituí-los no meio das competições. Sou favorável respeitando alguns critérios.

A diretoria do Cruzeiro deveria ter percebido os erros e a troca do Dorival poderia ter sido durante a competição logo depois que ele não conseguia controlar problemas dentro do grupo. É uma tomada de decisão que qualquer administrador exerce para corrigir erros no processo. O futebol também é uma atividade profissional como qualquer outra. A disposição tática do São Paulo preservou mais a parte defensiva. No Cruzeiro, foi o inverso e faltou equilíbrio.

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